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10 de dezembro de 2012

ZZZZZZzzzzzz


Era uma casa ligeiramente assustadora e sombria. Não fosse a sua dona uma senhora já idosa e, aparentemente, lunática.
Mas nós, Ana C. e Ana L., não tínhamos escolha. Estava a chover torrencialmente e o temporal só ia piorar. Tínhamos de pedir abrigo. Entrámos e imediatamente notámos que, tal como no filme d'A Casa Assombrada, era tudo escuro, mas tudo se via. A senhora, que possuía uns belos cabelos compridos da cor da prata, parecia cada vez mais louca com a crescente intensidade da chuva. E, subitamente, decidiu ir tomar banho. Deixando-nos com os recém-chegados X e Y. 
X e Y deixavam-nos nervosas, por isso tratámos de nos meter em salas distintas e começámos a fechar portadas, já entrava água dentro de casa.
Subitamente, a velha desconfiada aparece ao nosso lado. Não percebe o que estamos a fazer. Mas depois ajuda-nos e incentiva-nos. Ao abrir a primeira janela, noto que o chão lá fora tem um tapete todo enrolado, deve ter caído (o tapete do meu corredor). Aqui a coisa complica, X e Y, também ficam nervosos e começam a transformar-se em qualquer coisa. 
Pelos vistos, X é um vampiro, e Y é um lobisomem. Gera-se o pânico. Mas nós e a velha conseguimo-nos trancar na adega… Infelizmente, não por muito tempo. X e Y chegam a nós. No entanto, apelando aos seus sentidos de humanidade, param por instantes.
O lobisomem, como uma prova de boa fé, começa a transformar-se de novo… numa fada. Avança para mim e abraça-me. Pega nas minhas mãos e morde-me! A sensação de pânico invade-me mas depois noto que o seu pequeno corpo se começa a desfigurar… E a dor que eu imaginei sentir, ficou mesmo só na imaginação. Os seus pequenos dentes nem deixaram marcas dignas de cicatriz. Ainda assim o seu corpo estava irreconhecível. As suas asas tinham um aspecto entrançado e as suas costas agora eram curvas… Ainda estava a assimilar o que me tinha acontecido quando Y diz:

“Vês, não te posso fazer mal, porque também me prejudico a mim”

Nisto, eu, a velha e a Ana L. paramos. Acalmamos. E sentimos uma onda de pena por aquela pequena criatura que se sacrificou só para que pudéssemos ter paz de espírito.

Mas numa questão de segundos aparece uma bolinha brilhante e azulada que se materializa numa espécie de fada madrinha que nos indica logo o caminho para a absolvição da pequena fada. Diz ela:

“Devem seguir para …” 

Mas não teve tempo para acabar a frase. A porta da rua abriu-se repentinamente e o temporal entrou dentro de casa.


Depois acordei. Um cérebro com imaginação é qualquer coisa, não é? ;P